sábado, 16 de agosto de 2008

IV -Guia Ilustrado de Doenças Bacterianas em Peixes Ornamentais

Visualização de um abscesso após ulceração com exposição da musculatura. Bordos da lesão esbranquiçados (necrose). Além do problema causado pela infecção, há uma perda da integridade da barreira que isola o peixe da água. A perda desta barreira física provoca uma grave disfunção osmorregulatória. No caso de peixes de água doce, estas lesões fazem o peixe inchar, enquanto que para peixes de água salgada, fazem o peixe desidratar. A morte dá-se justamente por esta disfunção osmótica. Fonte Rodrigo G. Mabilia.

Forma aguda da septicemia causada por edwardsielas: a forma aguda é aquela que ocorre mais de imediato. É mais agressiva desde o início de seu surgimento. A bactéria (Edwardsiela) é ingerida e absorvida pelo organismo onde irá infectar diversos órgãos. A manifestação clínica desta forma aguda é mais interna do que externa. Há pouca presença de lesões e ulceras externas, mas no exame de necropsia os órgãos internos deflagram os malefícios causados pela bactéria. Órgãos como o fígado, baço e intestino são os mais afetados. Estes peixes acometidos pela forma aguda mostram-se apáticos, com perda de apetite e natação irregular. Nos estágios mais avançados da septicemia pode ocorrer exoftalmia (olhos saltados), distenção do ventre (ascite/hidropsia) e as lesões cutâneas características a exemplo das ilustrações anteriores. Forma crônica da septicemia causada por edwardsielas: a bactéria atinge o peixe pela via nervosa através do trato olfatório localizado nas duas fossas nasais (fundo cedo nos peixes). A infecção atinge as meninges e finalmente a pele onde pode ocorrer o Buraco na Cabeça. (não confundir esta patogenia do buraco na cabeça com a patogenia da doença dos discos, pois são completamente diferentes). A progressão da doença é mais lenta do que a forma aguda, mas nem por isso menos fatal.

Forma crônica de uma septicemia causada por Edwardsiella Tarda. Visualização característica do Buraco na Cabeça, posteriormente a infecção das meninges. Fonte: Rodrigo G. Mabilia

Infecções por Streptococcus As infecções bacterianas causadas por Streptococcus ganham mais destaque recentemente. Uma das bactérias mais associadas ao gênero é o Streptococcus inae. A ocorrência desta doença está associada a altas temperaturas como ocorrem no verão e sob condições controladas de aquários tropicais. Sinais Clínicos e Patogenia da infecção por Streptococcus: os sinais clínicos da infecção bacteriana causada pelo streptococcus inclui a exoftalmia (olhos saltados) entre os mais característicos. No entanto, sob exame clínico, este não é um sinal clínico exclusivo desta doença, embora muito intuitivo. É importante observar também a presença de congestão (avermelhamento) e hemorragias na base das nadadeiras peitorais, nadadeira caudal e na boca.

Visualização da base de nadadeira peitoral congesta. Fonte: Rodrigo G. Mabilia
Sinais clássicos de exoftalmia (Pop eye, ou olhos saltados)geralmente associado a infecção bacteriana, entre elas as causadas por Streptococcus. Fonte da Imagem: www.elacuarista.com
Espadinha infectado por Micobacterium. Muito comum encontrar entre os criadores desta espécie diversos exemplares apresentando esta condição de escoliose e retração do ventre. No entanto, é necessário fazer o diagnóstico diferencial para deficiências nutricionais tais como: o aminoácido triptofano e vitamina C. Fonte: Rodrigo G. Mabilia

Micobacteriose/Tuberculose A micobacteriose, ou tuberculose dos peixes é uma doença crônica. A severidade das infecções parecem estar relacionadas a idade dos peixes. É muito mais freqüente a ocorrência de tuberculose em peixes velhos do que peixes jovens. Esta doença é apontada com grande destaque para o aquarismo e a piscicultura ornamental à nível mundial. Há trabalhos que referenciam uma incidência entre 10 a 22% desta doença em populações de peixes. É um percentual muito alto para uma doença bacteriana, mas que na prática podemos entender melhor com a manifestação de sua patogenia. Qualquer criador que se preze precisa obrigatoriamente ter um bom programa sanitário de prevenção da tuberculose no seu plantel. Pelo fato de ser, na maioria das vezes crônica, a tuberculose pode passar de um hospedeiro para muitos outros peixes sem que o aquarista, ou criador perceba de maneira clara. Os peixes mais velhos, já enfraquecidos e com o sistema imune comprometido são os que usualmente demonstram os sinais clínicos da tuberculose. Numa população, não há uma mortalidade abrupta de muitos peixes ao mesmo tempo, ou ao menos isto não é o comum. As mortalidades ocorrem num intervalo de tempo esparso. Os sinais clínicos da tuberculose surgem aos poucos e tornam-se mais graves gradualmente com o passar dos dias. Para completar a desinformação, muitos peixes que morrem “de velhos” na verdade morrem de tuberculose sem o conhecimento de seu criador.
A micobacteriose, ou tuberculose dos peixes possui espécies de agentes patogênicos que infectam peixes marinhos, o Micobacterium marinum. Já em peixes de água doce há o Micobacterium fortuitum. Há outras sinonímias, mas estas não são consideradas oficiais sistematicamente e, portanto, são irrelevantes.
No aquarismo, a tuberculose dos peixes tem uma alta ocorrência em caracídeos como o caso dos néons e peixes da família poecilidae como o caso de lebistes, molinésias, platys e espadinhas.

Sinais Clínicos e Patogenia da tuberculose de peixes: os sinais clínicos da tuberculose são crônicos, iniciando com o tão citado emagrecimento progressivo e perda do apetite. O segundo estágio é a deformação da coluna vertebral. Os peixes costumam ficar muito debilitados com uma natação muito irregular na superfície da água, ou parados no fundo. O tratamento não é fácil, uma vez que, na maioria dos casos, são peixes velhos com o sistema imune deprimido e incapazes de desencadear uma recuperação.

continua em V -Guia Ilustrado de Doenças Bacterianas em Peixes Ornamentais

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